Deputado Akira homenageia imigrantes japoneses

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terça-feira, 19 de junho de 2007 

Por: Gutemberg Honorato de Moura - Assessoria de Imprensa   Foto:  
                                                                                                Giuliano Lopes
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O parlamentar fez pronunciamento emocionado hoje pela manhã na Assembléia Legislativa, destacando os preparativos para o Centenário da Imigração, comemorado no Brasil em 2008.












Eis a íntegra do discurso:

Neste momento em que comemoramos os 99 anos da Imigração Japonesa no Brasil, o primeiro sentimento que aflora nas nossas expressões, é o de gratidão aos pioneiros que permitiram a materialização de um sonho de progresso e vida feliz. Se hoje podemos considerar vencedores, todos os descendentes desses imigrantes, isso se deve àqueles primeiros que, pensando inicialmente em ganhar um bom dinheiro e depois voltar para o Japão, acabaram, junto com outros imigrantes, praticamente substituindo a mão-de-obra escrava, que então se encontrava proibida no Brasil, pelo menos oficialmente.

No Japão a situação econômica estava péssima, e um dos motivos era o alto índice de crescimento demográfico. O Brasil, por sua vez, necessitava de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café, principalmente em São Paulo e no norte do Paraná. Então a vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por interesses dos dois países. E a primeira viagem, no navio cargueiro Kasato Maru, custou nada menos que 60 dias para chegar ao destino.

A tradição de trabalho e disciplina, que tanto encanta os admiradores da cultura japonesa, garantiu que aqueles bravos homens persistissem. Um ponto de honra era ? como sempre foi, a educação dos filhos, e para tanto deram de si, sacrifícios no limite de suas forças.

Em Mato Grosso do Sul, então Mato Grosso uno, esse ingresso foi dramático. Os nikkei, sujeitos às doenças e ataques de animais, enfrentaram terreno selvagem, com travessias em regiões alagadiças e de difícil acesso, para construção de estrada de ferro e, depois, nas lides de lavoura.

O tempo passou, e a sonhada volta ao Japão só aconteceu com o fenômeno dos dekasseguis ? descendentes que, nascidos no Brasil, foram trabalhar no Japão, formando a terceira maior comunidade brasileira no exterior, perto de 300 mil pessoas.

O Japão se recuperou da crise econômica e passou a ocupar um papel de destaque no cenário mundial. Hoje, o Brasil abriga a maior população japonesa fora do Japão.

O meu coração de descendente japonês está especialmente feliz, mais uma vez, por comemorar o Dia da Comunidade Japonesa no Brasil. Tem sido tantas palavras, protocolos e ações concretas, de amizade entre os irmãos brasileiros e japoneses e descendentes, que quase nada temos a acrescentar diante do sentimento fraterno que está gravado para sempre no quadro de humanidade que nos une, seja na fé e na esperança, na arte-cultura e na culinária, no respeito humano, na reverência diante da mãe natureza, na busca das forças que nos permitam atingir os ideais que buscamos na vida.

Minha emoção é enorme, pois sou um patriota de duas nações grandiosas: do Brasil e do Japão, dois países que conseguiram, mesmo estando localizados de um modo praticamente oposto, no globo terrestre, reunir num só vocabulário as palavras amizade, solidariedade, amor, saudade e carinho, na colaboração mútua para o desenvolvimento humano e também nos esforços para o crescimento sócio-econômico.

Uma troca que vai juntando as pessoas na busca da prosperidade e da confraternização mundial.
No peito, o orgulho sagrado de ostentar duas bandeiras: uma por naturalidade brasileira, outra pela marcante descendência japonesa.
Tenho outra bandeira também para amar ? e assim o faço ?, que é a bandeira da paz entre todas as nações, que todos nós almejamos diante de tantos conflitos no globo.
Desde que o legendário navio Kasato Maru chegou a São Paulo, no porto de Santos, desembarcando 781 lavradores japoneses encaminhados para fazendas do interior, em 18 de junho de 1908, portanto há 99 anos, os descendentes já somam mais de três milhões em terras brasileiras, a maioria em São Paulo e no Paraná, mas a terceira comunidade de descendentes dos filhos da Terra do Sol Nascente está em Mato Grosso do Sul.
Dez mil famílias nikkei vivem hoje neste Estado, cinco mil delas em Campo Grande. Os nikkei são contados no mundo inteiro ? Estados Unidos, China e em muitos outros países de todos os continentes.
Brilharam ontem, segunda-feira, os nikkeis durante todo o dia em Campo Grande e no Estado, lembrando tradições com religiosidade e cultuando a alegria com dança e música.
Nessas ocasiões todo o mistério do extremo oriente ressurge na expressão dos nossos nipo-brasileiros. Se as melodias são às vezes cheias de silêncio para recordar as dores das perdas e a reverência pelos antepassados, o bom humor permanece como capacidade e possibilidade infinita de trazer a felicidade para a vida, mesmo diante de todas as dificuldades.
Amanhã a Câmara Municipal de Campo Grande realiza sessão solene honrando a data de 18 de junho que, por força de lei de minha autoria, de oito de julho de 1999, tornou-se para nosso Estado, o Dia da Comunidade Japonesa, aqui comemorado anualmente. Essa nossa lei é repetida no nível federal, de 27 de julho de 2005, que institui a mesma data, 18 de junho, como ?Dia Nacional da Imigração Japonesa?.
Mas as homenagens não param por aí. Esse movimento aquece o clima de preparação para a maior comemoração nipo-brasileira de todos os tempos ? o Centenário da Imigração Japonesa do Brasil, o ano de 2008.
O país está preparado para focalizar intensamente as ações esportivo-culturais e sócio-educativas que vão acontecer em todos os rincões do Brasil no ano que vem.

Em Mato Grosso do Sul, ligada ao movimento nacional, a Comissão Pró-Centenário reúne diversas associações culturais e desportivas. Presidida pela Associação Esportiva e Cultural Nipo-Brasileira (AECNB), é composta de membros da Associação Okinawa, Associação Campo-grandense de Beisebol e outras entidades da comunidade.
Em meio ao grande número de eventos previstos, sua estratégia inclui o lançamento das bases para a implantação do Museu da Imigração Japonesa em Campo Grande e de um centro de convivência para os idosos.
A Comissão está empenhada em montar um acervo de títulos e peças que contam a história da imigração japonesa à Capital, um enredo que está relacionado intimamente às obras da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, isso porque os primeiros imigrantes aqui chegaram entre 1910 e 1914, quando era concluída a ferrovia.
Depois, a agricultura: eles foram os pioneiros na plantação de verduras e formaram o cinturão verde de Campo Grande, na década de 20. Era menos de 150 o número dos imigrantes que chegaram por aqui, para registrarem, posteriormente, milhares de brasileiros que se orgulham de sua descendência marcada pela honradez, fibra e persistência na superação de inúmeros obstáculos.
Apenas para dar uma idéia da situação encarada pelos precursores, naquele início de século Campo Grande era não mais que um lugarejo de uma única rua com algumas construções rústicas. A nossa primeira colônia nipônica teve o nome de Mata do Segredo.
Ali eles ? os imigrantes ? entregaram o sangue em lavouras que formaram filhos que por sua vez multiplicaram famílias cujas práticas e costumes, por herança, vieram influenciar profundamente os hábitos do povo sul-mato-grossense, desde alimentação e festas, produção artesanal, até danças, música e religião.
De minha parte, na qualidade de membro e representante da Colônia Japonesa, tenho, durante décadas, enfatizado a participação positiva dos imigrantes japoneses na construção da história deste Estado.
Não medimos esforços no nosso dia-a-dia de parlamentar, para cooperar com os irmãos, seja na relação diplomática Brasil-Japão, recebendo em nosso gabinete cônsules e embaixador do Japão, visando cooperação mútua e apoio logístico, ou nas ajudas para a realização de eventos sadios, e ainda prestando reconhecimento oficial, com homenagens materializadas em medalhas do Mérito Legislativo, títulos de Cidadão Sul-mato-grossense e outras honrarias, aos nipo-brasileiros que se destacam como profissionais de renome em variados ramos de atividade.
Longe de mim, considerar um mérito pessoal, esse reconhecimento aos integrantes da grande comunidade nikkei. Eles souberam honrar o sacrifício daqueles seus ascendentes que suportaram preconceito, venceram as muralhas representadas pela diferença de idioma, dificuldades de acesso às regiões que ajudavam a desbravar, salários minguados, o clima bruscamente diferenciado e a insegurança dos primeiros contatos com um povo até então estranho, em pleno período de grandes guerras entre nações.
Contudo, são incontáveis também as vitórias alcançadas. E aqui estamos para contar e viver essa trajetória, lado a lado com os irmãos, no decorrer deste ano, no Centenário comemorado no ano que vem, e assim para sempre, pois sempre haverá uma voz para relembrar essa difícil, porém tão linda história!
Que Deus nos abençoe.
Muito Obrigado!
Deputado Akira Otsubo?

Referência: Portal ALMS

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